sexta-feira, maio 18

Afinal

[...] Era como ter vida do lado de dentro. Era como ter a face menos pálida, as olheiras menos fundas, os olhos menos tristes e o sorriso mais verdade. Era como se o lado de dentro vivesse de novo, porque pesava menos.


Só que daí acabou o conto. Acabou na hora em ele disse "apesar de tudo". Acabaram-se as risadas do dia e tudo ficou meio raso de novo - menos as olheiras. O conto não era de fadas, e não implicava um final feliz. Oferecia um final de contos modernos, onde cada um fica do seu lado e só retira as barreiras de vez em quando.

Aquele final que não tem ponto. Que não tem o "fim" escrito na última linha. O final de quem esquece que existe um lado de dentro, ou de quem quer evitar chegar ao ponto de abrir as portas para os visitantes, porque eles podem acabar pisando na grama. O final que vem depois do "estou aqui" e que deixa a história ao acaso.

Aquele final que deixa tudo no ar, sem saber se o conto era em volume único ou em série.


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