sexta-feira, fevereiro 26

Retorno de Marte - Postagem temática

Me acorda com os teus gritos e me obriga a te encarar logo pela manhã. Começamos o dia de novo.

Ignora o que te convém ignorar e fecha os olhos. E os ouvidos. Mas a boca tu não fechas. Temos então o problema de sempre; de novo e de novo. Não sei onde isso te leva, mas eu fico cada vez mais longe de ti; por minha escolha. Mais um dia igual aos outros; é, de novo, o mesmo dia novo.

Retorno. Das tuas crises e da minha vida amarga. Retorno pro mesmo dia novo.


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Este post é um oferecimento do Postagem Temática, projeto idealizado pelo Rafa Glória. O tema desta edição foi RETORNO.
Sugestão de tema: o que te agrada

quarta-feira, fevereiro 24

¬¬'

Corpo mole no trabalho e falsa ingenuidade são coisas que realmente me incomodam.
Tem alguma outra explicação para isso além de Preguiça e Espírito de Porco?

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Isso poderia ter ficado pro Twitter, mas que seja.
Aguardando criatividade para post temático.

domingo, fevereiro 21

"Out here the good girls die"

- Sonhos só servem pra gente quebrar a cara.

Foi a fala dela, sucedida pelo silêncio da própria conscência; não sabia se tinha certeza do que dizia, mas também sabia que não era de todo mentira. Discutia internamente: objetivos são reais, sonhos são aquilo que você, talvez, um dia, quem sabe, realize. E os sonhos criam asas e saem por aí, espalhando as esperanças por todos os lados; quando você se dá conta, já espera por algo impossível. A vida é feita em tons de cinza. Sonhos têm cores demais". É uma pessimista, você pensaria dela, se fosse um sonhador.

Mas eu não sou o que se pode chamar de sonhadora. E talvez pessimismo não seja ruim. Ele mantém as pessoas com os pés no chão, preparadas para tempos difíceis; obviamente, nunca se pode estar preparado para tudo. Os meus sonhos não vão até a esquina porque eu não os deixo sair; o que não significa que eu não os tenha. Meus objetivos vão até onde eu os traço, e só. O que vier além deles, é lucro.

O objetivo dela, creio eu, é não ter sonhos. O meu é um dia realizar algum, e dizer a ela o quanto ela estava enganada.

"[...]
Saw Cinderella in a party dress
But she was looking for a nightgown
I saw the devil wrapping up his hands
He's getting ready for the showdown
I saw the ending when they turned the page
I took my money and I ran away
Straight to the valley of the great divide

Out where the dreams are high
Out here, the wind don't blow
Out here, the good girls die
And the sky won't snow
Out here, the birds don't sing
Out here, the fields don't grow
Out here, the bell don't ring
Out here, the bell don't ring

Out here, the good girls die [...]

I wouldn't dream so high" [The Killers - A Dustland Fairytale]

terça-feira, fevereiro 16

Do que eu sei que fará falta

Hoje bateu a saudade. Dos tempos em que as maiores preocupações eram fazer o dever de casa, arrumar a cama e ajudar a lavar a louça. Só. Brincar, também. Ser uma boa aluna e ganhar uma estrelinha no boletim. Eram bons tempos. O que mais me aflige é o monte de amigos com os quais eu não falo mais. Grandes, que fizeram parte da minha infância e que hoje eu já nem sei por onde andam... Fiquei com as lembranças e mais nada.

Me dói saber que tanta coisa ficou pra trás; quisera eu poder carregar tudo comigo. E só de saber que mais coisas e pessoas virão e ficarão para trás, fico com o coração na mão. Não é justo conhecer tanta gente numa vida só. Muito menos ter de escolher quem vai adiante conosco; se é que está nas nossas mãos escolher.

Mas quem disse que é pra ser justo, não é?... Eu sei que não.

Infância

Naquele quarto, escuro e pequeno, a menina escutava a conversa alta da sala. O papo aleatório não era interessante, por isso preferiu escutar os sons do próprio ambiente. As cortinas conversavam de perto com as janelas, e o guarda-roupas escondia a bailarina da caixinha de música, que naquele dia tocava sem a sua dançarina. A cômoda, acomodada no seu canto, não se metia na melodia, enquanto a cama dormia silenciosa...

A menina não se intrometeu na conversa entre cortinas e janelas, e nem censurou o guarda-roupas; escutando a música da caixinha, caiu no sono, acompanhando a cama.

quarta-feira, fevereiro 3

Sorte - Postagem Temática

Sorte minha. Se não fosse por ti, eu teria caído na lama. Mas tu estavas lá e me segurou pela cintura, me puxou antes que o meu desequilíbrio me levasse ao que seria uma trágico (pra mim) e engraçado (pra todo mundo em volta) banho de lama. Eu passaria vergonha e todos ririam; mas não aconteceu, por tua causa. Sorte minha.

E então tu continuaste me segurando enquanto eu tremia de nervosa, ainda calculando a distância entre mim e a poça. Me levaste pro banco do parque e ficaste ali, sentado do meu lado, me dizendo o teu nome e perguntando meu, falando do que tu gostavas e perguntando se eu queria tomar alguma coisa... E foi um dia agradável. E depois foram meses agradáveis; e anos. Sorte minha.

Tu, dia desses, me perguntaste o que eu achava sobre o casamento, e pediu minha mão. E eu fiquei feliz! Eu aceitei e descobri que sorte eu tinha de ter uma cara desses do meu lado. E foram mais vários meses agradáveis. A gente saía pra beber e dançar nos finais de semana; às vezes tu passavas da conta e virava um bêbado sentimental: ficava gritando que me amava e que ia me dar muitos filhos. Eu morria de vergonha do escândalo, mas não de ti... Eu sabia que tu me querias bem e eu te tinha muito em conta. Éramos casados, jovens e cheios de planos. Sorte minha.

E então vieram os filhos, gêmeos, e tu começaste a beber todos os dias... e nunca podias me ajudar com eles. E eu estava sempre carregando-os de um lado para outro, alimentando, vestindo, e ainda tinha que entregar os trabalhos em dia pro meu chefe. E enquanto eles choravam, tu bebias mais algumas doses de cachaça até não escutá-los mais; te jogava na cama, de sapato e tudo, e virava as costas para os que dependiam de ti. Mas se a bebida não te anestesiava, tu ficavas zangado e agressivo, e em vez de gritar que me amava, batias em mim. Sorte minha...

Finalmente, tu arrumaste as malas e sumiste no mundo, e eu nunca mais ouvi falar de ti; os teus filhos não lembram do pai e eu não posso nem mostrar as tuas fotos porque eu não guardei nenhuma. Agora eu sou mais uma mulher sozinha com dois filhos para criar, uma casa para sustentar e um trabalho mal remunerado para manter. Mas eu não preciso mais fugir de ti pelos cômodos da casa, nem esconder meus hematomas pra não precisar responder onde eu os tinha conseguido.

Se pudesse adivinhar o que aconteceria com aquele cara simpático do parque, eu teria desejado o banho de lama em vez daquele braço em torno da minha cintura... Que sorte a minha.

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O tema desta edição foi SORTE. Peço desculpas pela falta de criatividade no título da postagem... xD
Essa postagem faz parte do projeto do Rafa Glória, o Postagem Temática. Participe também =D

Sugestão de tema: espelho