quarta-feira, junho 30

It's about those little things

E eu que pensei que um dia as coisas iriam se acertar, fiquei sentada esperando o tal do trem que vem e leva a gente da mesmice da vida de sempre. Mas o trem não passou hoje, nem ontem ou mês passado; eu fiquei esperando até agora.

Até agora. E não mais.

sábado, junho 26

Sem crime

Cem motivos pra largar as coisas como estavam se apresentavam diante dela. Não poderia mais perder tanto tempo naqueles lugares que nem eram reais... já passara da fase na qual não se tem preocupações de verdade. Pensativa, analisou cada linha de suas histórias e comprimiu os lábios; doeria apagar dois anos de memórias inventadas.

Suas realidades fictícias seriam simplesmente excluídas de sua vida, como se nunca tivessem existido; e elas nunca existiram, de fato, mas isso lá importava?... Ela jamais conseguiria esquecer tudo que vivera em seus mundos paralelos e sua pílula de felicidade instantânea não poderia ser, assim, jogada fora. Percebeu que os lábios comprimidos eram reflexo do coração, apertado só com a ideia. De todos os 100 motivos, nenhum lhe convencia a deixar pra trás tantas versões de uma vida.

Sem morte. O seu Mundo sobreviveria.

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Este é o centésimo primeiro post d'O Inacreditável Mundo. Já se foram 100 inacreditáveis realidades. Sem histórias por hoje.

quinta-feira, junho 24

Por inteiro - Postagem Temática

De mentiras convincentes não me ganhas, e de verdades imprecisas estou cheia. Em meia hora não quero ouvir meias palavras. E eu quero as frases inteiras, com os verbos no presente.

Eu não quero mais o saudosismo dos tempos inexistentes; eu não quero mais a ambição por tempos futuros e melhores. Quero agora, em meia hora, teus sentimentos confessados em orações completas.

De verdades enganosas a mentiras bem contadas ergueram-se muros tão sólidos quanto os meus castelos de areia. Em meia hora eu quero tudo por inteiro. Inclusive o tempo.

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Este post é um oferecimento do Blogsintonizados. O tema da vez foi "MEIA HORA". A minha sugestão para o próximo tema é a mesma da semana passada, JANELA, já que foi por pouquinho que não foi escolhida (vou tentar outra vez! xD).

terça-feira, junho 22

Novela da vida real

Eu tenho problemas tão grandes quanto minha impressão sobre eles. Aí está a grande questão: tenho certa tendência ao exagero, coisa que definitivamente não me ajuda em nada...

Talvez eu nem tenha problemas de fato. Só incomodações.
Só que já estou farta de fazer um papel; e tem quem diga que eu seria uma boa atriz... na ficção seria até divertido. Mas a realidade não é novela, e no final não dá mais pra mudar de papel.
Talvez já seja tarde.

Ou não.
Quem sabe.

sábado, junho 12

Sweetheart

Eu tinha nas mãos um coração de açúcar que não era meu. Nem podia, já que o meu é de algum material mais resistente, como pedra. Mas o teu era daqueles que melam a gente só com um pouquinho de afeição.

Eu tinha o teu coração na mão quando a chuva se fez presente em alguma das minhas realidades e acabou desmanchando o pobrezinho por inteiro... e eu vi os cristais de açúcar escapando-me por entre os dedos e não pude juntá-lo novamente. Eu deixei teu coração se desmanchar com uma gota e tu não conseguiste quebrar o meu nem com aquele teu martelo antigo. Eu tinha um coração nas mãos que, por ser de açúcar, se magoou com a chuva e partiu com a água.

Quisera eu que a minha pedra fosse doce e que a chuva fosse forte. "Água mole em pedra dura...", quem sabe...

sábado, junho 5

Cansamento - Postagem Temática

Ele segurava minhas mãos e olhava fixamente os meus olhos com uma ansiedade louca. Eu podia sentir suas mãos suando, tremendo. Um sorriso torto e nervoso se insinuava pelo canto da boca dele e eu não conseguia afastar os meus pensamentos desconfiados. Ele sabia disso porque olhava tão firmemente nos meus olhos que era capaz de saber o que passava na minha mente; por isso, ele torcia pra que eu ouvisse o coração. Pelo menos o dele, que batia tão rápido e forte que parecia pular pela boca a qualquer momento. Ele então me prendeu as mãos e sua expressão foi mudando lentamente: acho que se deu conta de que eu começava a ficar com medo daqueles olhos nervosos pelos quais me cuidava. Postou-se sério e atento quando então me fizeram a pergunta:

- Mary Liss Theodor, você aceita este homem como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe?

Naquele exato momento, quando ele prendeu a respiração e o padre fez cara de espanto com minha demora, eu soube que eu nunca conseguira fazer as melhores escolhas pra minha vida; entretanto, dizer sim não faria dessa a primeira vez que eu acertaria.

Ele, por um momento, apertou minhas mãos como se tentasse me trazer de volta para a realidade e mudar minha resposta. Mas em seguida afrouxou o aperto até que fosse um simples toque, porque percebeu que não seria suficiente para por juízo na minha cabeça. Eu não nascera para casar, era o que eu sempre dizia pra ele quando éramos namorados; mas acho que ele nunca me levou a sério.

Podíamos ter sido felizes como amantes pro resto da vida. Mas as pessoas gostam de complicar as coisas com esse tal de casamento. Não comigo.

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Esse post é um oferecimento do Blogsintonizados, que promove o Postagem Temática idealizado pelo Rafael Glória. O tema dessa edição foi CASAMENTO. Minha sugestão pro próximo é Janela.