domingo, janeiro 8

Nota VI

Ela poderia ficar a noite inteira ali, olhando a expressão daquele cara que parecia gostar de alguma coisa nela. Ela poderia ficar olhando aquele cara até cansar as vistas, porque alguma coisa estava muito certa ali. Alguma coisa encontrava nele um motivo para ficar.

E ela poderia ficar o tempo que fosse.

Sentiu quando o relógio desacelerou seus ponteiros no momento em que aqueles olhos olharam bem dentro dos dela, quando eles encontraram mais do que um grande vazio refletido na margem das pálpebras. O tempo não fez questão de andar em seu passo normal. O tempo queria que ela lembrasse daquele momento, e que guardasse aqueles olhos e o que eles tinham enxergado dentro dela.

O relógio não andou porque sabia que aquele sorriso não conseguiria ficar ali para sempre. Mas mais ainda porque sabia que ela iria valorizar cada segundo esticado.




Ele a fez lembrar de uma vida diferente, de um tempo onde as coisas aconteciam e ninguém notava. Ela chegou a pensar numa vida diferente para dali a diante. Que um dia eles dividiriam. quem sabe.

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