domingo, julho 1

Em falta

Foi a falta que voltou a ocupar os espaços do lado de dentro. Um grande vazio, quase material, ocupava cada fresta de cada parte, espalhando-se do peito para o resto do corpo. O resto que nem mais reagia; pensava estar ainda esperando pelos comandos de um sistema nervoso. Só que o sistema estava dopado; lhe faltavam as conexões.

Tudo estava em falta.

Não tinha mais aquele calor espalhando-se com o mesmo compasso que a pulsação. Faltava a emoção do contato e a expectativa do encontro. As pontes nervosas não se alcançavam mais, fazendo com que cada impulso se perdesse na tentativa da transmissão. Faltavam os planos pros dias ociosos. Era a falta que ocupava todo o lado de dentro, como um grande vazio quase palpável - um vazio cheio de nada que ocupa todo o espaço.

Havia muito em falta.


Faltava reação. Uma dor que doesse ou um alívio que libertasse.
Faltavam nervos.

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