domingo, julho 29

Dreno

Vazios em cada compartimento, em cada jeito de olhar para outros. Sem graça. Não eram os mesmos abraços ou beijos, nem arrepios prazerosos subindo pelas costas até parar na raiz dos cabelos. Não eram os mesmos; nem eles, nem eu. Eram normais.

Eu, vazia, enquanto eles tentavam causar alguma reação menos mecânica. Tudo muito planejado, no piloto automático. Vazios em cada tentativa de preencher minhas vontades, eu devolvia a resposta lógica para cada estímulo. Sem fazer questão nenhuma de parecer satisfeita.

Desde que você resolveu me tirar o roteiro e exigir uma performance impulsiva, improvisada, não fui mais a mesma. Contigo foi pulsante, e agora com os outros nunca é mais que sem graça. Você provocou uma resposta inédita em cada toque, em cada jeito de me olhar. E então partiu e levou consigo as sinapses, esvaziando meus sentidos em cada vontade se ser inteira.


Agora todos os outros são normais. Vazios e iguais. Você levou a graça.

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