quinta-feira, abril 19

Embalada

Sabiam que eram felizes sempre que aquela música tocava. Ela embalava os sentidos de ambos de maneira única, deixando o resto do mundo do lado de fora de qualquer lugar; eram eles por todos os cantos, de todos os jeitos. A felicidade não lhes era utopia, não lhes era estranha. A felicidade dos dois era como a música que embalava a consciência entorpecida dos momentos únicos. Dos momentos que construíam com sintonia de dar inveja.

Os dois sabiam que eram felizes também quando a música não tocava. O silêncio nos ouvidos não calava a imaginação de ambos, que entonavam a canção em uníssono. O silêncio era tão feliz quanto a música e todos os lugares eram perfeitos para eles.

Todas as não verdades em todos os cenários. Se bastavam, e isso era suficiente.

Era uma felicidade estranha para quem não entende. A música era sobre uma bailarina manca e um soldado desertor. Sem heróis, ou dias gloriosos. A bailarina nunca dançara em um teatro lotado, e a guerra do soldado ficara para trás. Importava pouco, isso tudo. Importava menos que a música, e a dança que faziam.

Importava que eles sabiam como dançar. E dançavam.

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