quinta-feira, abril 19

Inocente

Eu sei que tem outra de você aí dentro, oprimida por uma grande consciência sacana. Eu sei que tem outra aí, mais liberta, inocente. Uma outra que quer até jogar o jogo sem muitas regras, sem muitos males. Quem sabe tu desligas a consciência e encontra em ti a força para deixar essa outra tomar conta?

Entrega o volante. Vai pro banco do carona, até que haja espaço para vocês duas habitarem o mesmo corpo, em harmonia. É a tua vez de escolher o rumo do caminho. E não adianta me dizer que é fácil falar; já chega de andar em círculos.

Eu estou te pedindo para erguer os olhos do chão. Olha em volta. Olha em todas as direções, mas ignorar o que tem embaixo. Eu queria que tu enxergasse a ti mesma como uma, que é tanto duas quanto tantas outras - que pode ser quem quiser. Eu queria que tu saísses de dentro de ti; que tu te permitisses ligar os impulsos, e reagir pelas vontades.

Eu queria te ver mais inocente, mais viva.


Ou viva, de fato.

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