domingo, julho 31

Cruzada

Chegara novamente à linha que separava as coisas. As coisas boas das coisas não tão boas; das coisas moribundas. Encontrava-se tão próxima da escolha errada que já nem mais sabia por onde voltar para antes da linha. Para antes do tempo em que a linha não existia, ou nunca fora vista.

Repensara seus passos, refizera seus caminhos calmamente. Como foi que chegara ali? A parte do percurso que a deixara onde estava não lhe era conhecida. Não lhe era amiga. Não era parte dela. A linha a encarava novamente, como se a desafiasse a cruzá-la. Como se olhasse em seus olhos e sem nenhuma palavra a convencesse de que era mais forte do que ela própria. Convenceria aquele par de olhos a entregar-se ao lado moribundo da linha e a reconfortar-se nos braços dos seus medos secretos, com os olhos tão cerrados que não mais abririam-se. Aqueles olhos desafiados.

Chegara novamente à linha que determinava as coisas. Que dizia se os passos iriam para frente ou se ficariam estacionados; ou se iriam para outra direção depois da divisória, que não chegava no lado agonizante mas que seguia rente a ele. Desafiou os passos. Cruzou a linha.


Andaria até chegar ao topo do precipício.

0 pessoa(s) disse(ram) que: