segunda-feira, julho 18

Da crença, da palha e da promessa

Ainda acreditava naquilo. Em tudo; ainda que fosse só por mania de ser bobo, mesmo. Ainda acreditava que o coração não era de palha, que poderia ser dado ao fogo e ser tomado de volta vivo, sem marcas, sem tê-lo desfeito em cinzas. Aquilo tudo que dissera a ela não era mentira; ele via a verdade refletida nos lábios que nunca foram seus.

Por mais que fosse distante, e difícil, e improvável, ele acreditava naquilo. Um dia haveria de sentir-se cumpridor da promessa que fizera a si mesmo. Um dia a faria crer em tudo aquilo também. Agarrou-se ao calor do coração já entregue ao fogo, prendeu-se na esperança e na promessa, e atirou-se de peito aberto no abismo que sempre parecera tão alto e tão perigoso. Ele acreditava naquilo.

Ele acreditava nela. E nos lábios que haveriam de estar junto aos dele no dia que cumprisse sua promessa.

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