Talvez tu nem mesmo recordes, ou se quer tenha notado. Mas eu não vou mentir, senhor. Me faço quase uma coveira. Carregando comigo uma pá e dois olhos perdidos, ando pela minha vida enterrando desesperos, enterrando gritos e sentimentos. Tantos sentimentos. O senhor talvez pense que eu sou exagerada, mas acredite quando lhe digo: sou tão morta quanto meus corpos. Sou tão pouco orgulhosa das coisas que enterrei que coveira não me cabe. Sou assassina, pois condenei-lhes. Sou a causa.
Quantas perdas tu já sofreste, senhor?
Quantos corpos tu choraste? Quantas vidas - das tuas próprias - tu interrompeste? Acho que talvez nunca paraste para pensar, mas quem sabe tu consigas te recordar da última vez que trocaste um futuro possível per medos covardes. Ali tu mataste. O senhor assim o sabe, agora, que o fiz tão vil quanto eu. Eu que sou a coveira dos meus destinos - e das minhas vontades. O senhor se faz tão enlutado quanto a minha pessoa. És culpado também.
De quantos sonhos tu já acordaste prematuramente? E a quantos amores te negaste? Quantos mais enterraremos até que larguemos as armas, senhor. O quanto mais permitiremos nossa vida ser o cemitérios que hoje é. Quantos mais dos nossos corpos choraremos a perda. Quantos mortos em nossos passados. Quantos?
Quantas vidas tu choraste, senhor? E em quantas vidas tu sofreste?
3 pessoa(s) disse(ram) que:
Oi, Gabriela. Sua postagem é um convite à reflexão. Mesmo com toda luta, sabe?, eu nunca desisto de sonhar. Acho que isso já é alguma coisa, não? Abraço!
Convido para que leia e comente o Armelau no http://jefhcardoso.blogspot.com/
“Que a escrita me sirva como arma contra o silêncio em vida, pois terei a morte inteira para silenciar um dia” (Jefhcardoso)
Não desistir é, sem dúvida, nossa maior arma contra nossos próprios medos.
Obrigada pela visita =D
Gabriela, muito obrigado por sua gentil atenção ao meu blog! Gostou do pobre Armelau? [sorrio]
Acabo de postar a nova de Armelau [sorrio]. Que tal?
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