quarta-feira, janeiro 5

Perfume

Ela tirou os sapatos e o vestido que usara na festa na noite passada; já era tarde - ou muito cedo, se você prefere. Você apenas observava, imóvel, enquanto ela caminhava na ponta dos pés até o chuveiro e finalmente tirava as duas últimas peças de roupa que ainda estavam cobrindo-lhe o corpo. Queria aproveitar o instante que tinha para apreciar-lhe as curvas e gravá-las na memória.

Ela soltou os cabelos e deixou que o cheiro misto de perfume, bebida e cigarros impregnasse o ambiente. Você ainda não se movia, postado em frente à porta, apesar de sentir o cheiro do tabaco que até ontem lhe causava repulsa; mas agora não mais, porque era o cheiro temporário dela.

Você caminhou até o chuveiro, sem tirar uma única peça de roupa pelo caminho, porque sabia que ela lhe pouparia o trabalho de despir-se. Um bom banho, era do que precisava. Um banho que o transformasse o perfume-tabaco-alcoólico dela em sabonete-perfume. Perfume que você usaria, até ser tarde de novo. Até ser tão tarde que chegaria a ser cedo.

Você usaria o perfume sem o vestido e sem os sapatos.

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