sexta-feira, setembro 3

Raios

E se há muito tempo ele não via o sol, era somente sua culpa. Sua própria estranheza frente ao que parecia ser o senso comum de felicidade acabava por trancá-lo dentro de si; a meteorologia não anunciava condições melhores de tempo.

Não queria permanecer isolado; entretanto, o temporal era ameaçador. Eis que surge em meio a tantas gotas um raio tímido de sol, de cabelos louros e pele sardenta, e que tinha pernas longas e formas perfeitas. E esse sol, desafiando os raios e relâmpagos que clareavam o céu, ousou dissipar um pouco as nuvens e ainda substituir a ventania por uma brisa agradável. Todo o calor que tinha, emanava para o temporal interno de um conhecido perdido em si.

Mas ele sempre fora um fraco. E sempre seria vítima de sua própria covardia. O sol lhe oferecera uma saída de emergência, mas ele insistira em permanecer em seu dilúvio. Raios de sol, chovia.

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