sexta-feira, setembro 17

Primaveras

O relógio despertou às 6:15 da manhã, como todos os dias. Relutante, levantou da cama antes que essa se mostrasse demasiadamente atraente e acabasse por atrasá-la para o trabalho. Demorou para escolher uma roupa - e por isso se arrependeu de não tê-la separado na noite anterior, pra não deixar brechas para dúvidas quanto as cores - mas acabou não fugindo do normal: jeans, blusa cinza, casaquinho preto. O importante era estar confortável; ela estava confortável em sua camisola, mas sabia que não o ficaria se saísse na rua daquele jeito. Vestiu-se, olhou-se no espelho, olhou a irmã que ainda dormia no quarto, olhou os sapatos - sem salto - e decidiu que os calçaria depois.

O relógio da irmã despertou, significando 6 horas e 30 minutos. A mana acorda ainda dormindo, suspira, olha pra ela e para a sua roupa. Ela pergunta "Tá muito estranho?" e a mana responde "Não mais do que tu costuma usar" e ambas sorriem. De repente, como se agora sim a reconhecesse, a mana diz "Ah, Feliz aniversário!" naquela animação que lhe é característica pela manhã. Ela sorri e se olha no espelho; agora, não mais com 18, mas sim 19 anos. Nasceria às 8:30, mas a mana não esperaria até lá para dar-lhe os parabéns, assim como não esperou o dia para dar-lhe um presente. "Obrigada", ela responde, porque também não esperaria até 8h e 30min da manhã para dizer que tinha 19 anos.

Tem detalhes que não mudam nada, e ela havia aprendido a deixá-los de lado. São detalhes. Mas os sapatos não combinavam com a blusa, e precisaria trocá-los. Detalhes.

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