Através do vidro embaçado pela minha respiração eu vi a névoa da noite abandonar as estrelas para acompanhar as pessoas que passavam lá em baixo, do outro lado da rua. Eu lembrei do quanto a Lua devia ficar incomodada com a presença daquela coisa que intimidava as pessoas, e que por isso deixavam de admirar seu brilho. Da janela do quarto eu imaginei a névoa pedindo desculpas para a Lua, e prometendo que não ficaria muito tempo, e a Lua sorrindo gentilmente de volta, como se seu enorme coração invisível fosse capaz de perdoar qualquer coisa.
Eu quis ser como a noite, que soube se impor ao maior astro do sistema... e como a névoa, que ousou interromper o as luzes de prata de um céu cheio de estrelas. Mas tive mesmo inveja do coração da Lua, que nem mesmo era de verdade e, ainda assim, era melhor que o meu. Melhor até que a minha utopia de coração; melhor do que a minha vontade de ser coração.
0 pessoa(s) disse(ram) que:
Postar um comentário