quinta-feira, maio 23

Tarda

Ela deitou os olhos nas fotos, retirou os suspiros do peito e expulsou alguns nós da garganta. Ela engoliu. Ela guardou as fotos naquela pasta dentro de outra pasta porque não queria tê-las ao alcance dos olhos - que já vinham cansados das coisas que, confessava, ela mesma procurava ver. Ela deitou os olhos nas fotos, e estas colaram memórias em sua mente; mentira dizer que havia ficado no passado.

Ela deitou o corpo na cama. Que agora recebia só o corpo dela. Ela deitou o corpo na cama, largou os braços ao lado do corpo e respirou um pedaço de lembrança. Assistiu àquela noite como uma cena de filme; assistiu ao mesmo ato de novo e de novo. Ela deitou o corpo na cama e largou os braços ao lado, porque agora havia espaço - e não havia outro corpo.


Ela nao devia ter dito que estava exausta. Agora tarda.

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