O aperto esmagava os pulmões, que apressadamente buscavam fôlego para a próxima música.
Ela entrou na dança e correu o salão inteiro. Ela abriu o coração para o estranho e achou que era certo ser idiota por uma razão sincera. Entrou na roda e, tão disposta, tirou os sapatos para que nada no corpo doesse e a fizesse parar. Ela tirou os sapatos mas ficou com o coração; ingênua, pensou que só o sapato fizesse doer.
Sentiu o aperto nos pés aliviando. Sentiu um aperto mais forte no peito, crescendo.
Ela entrou na dança e dançou as batidas intensas que não ouvia há anos. Quis escolher uma música quando o destino mudou a trilha e abriu a roda. O salão agora tem o tamanho do mundo. E o coração, ainda apertado, sente que não cabe mais naquele peito. Ela resolveu dançar a dança dos que se vão.
E está indo mesmo.
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