Eu caí.
E de repente algo me amparou. Um esperança, um fiapo de alguma coisa que me prendia e me impedia de receber o impacto que logo ia chegar. A poucos metros do chão eu parei numa escada que levava a uma porta meio mal tratada, um pouco judiada pelo tempo. Tinha algo nela que despertava toda minha curiosidade. Antes mesmo de perceber, eu já tinha estendido a mão para abri-la. A porta rangeu.
Mas foi só. Ela não deu passagem.
E então eu quis voltar para a escada e ver aonde mais ela me levaria, mas já não havia escada. Não havia caminho de volta. Era a porta fechada ou o precipício de novo, a queda de novo: sensação que esmaga o peito. Só que a queda não era mais tão grande, e eu aceitei que às vezes esse é o único jeito de seguir: pra baixo, de volta pro começo.
E eu pulei.
Segundos depois eu parei naquele chão lamacento e gelado que me esperava, e as pedrinhas espalhadas me cortaram os joelhos e as palmas das mãos. Eu saí machucada, e ainda me dói. Mas aí o mundo girou de novo e começou a curar os arranhões. Porque, no fim das contas, foram só arranhões. E o mundo seguiu girando com todas as minhas esperanças quebradas, e eu observei cada uma delas morrer e dar o lugar a outras, que ainda não existiam.
Aquelas outras que virão.
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