sábado, outubro 23

Relatividade

O relógio corria impetuoso, indiferente ao caos que a vida se tornara. O Sol vinha e se ia, assim como a lua, os ventos e as chuvas. Assim como as estrelas e as estações, que nem sequer notavam que ela continuava estacionada. A vida parara e não dava sinais de reiniciar seu movimento natural, porque decidira apenas admirar o fluxo das coisas em torno dela. Escolhera primeiro entender o sistema, antes de jogar-se nele.

Observou por tanto tempo que já não sabia dizer se ela agora estava em movimento e eles é que pararam ou se nada mudara. Era tudo uma questão de ponto de referência, de qualquer forma; que diferença fazia?

"Faz toda a diferença", pensou a vida, num relâmpago de ideias esclarecidas que se mostrou ligeiro no céu. Fazia diferença porque a vida não precisava correr com o relógio, com o sol e com os ventos, se encontrasse algo que andasse como ela. Fazia diferença porque, para eles, era ela quem corria; porque nem tudo poderia estar na mesma velocidade, ou todos estariam estacionados. E se não há movimento, o que haverá de verdade?


Uma vida alucinada pelo tempo descompassado e pelas estações frenéticas assistia os Sois e as luas nascendo e morrendo, como ela um dia faria. E os ventos nada faziam, além de embalar sua rede e motivar as estrelas a caírem do céu.
Movimento é relativo.

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