domingo, julho 11

Partida ao meio

E então o mundo parou e ofereceu uma porta para a saída. Todos pareciam olhá-la com reprovação, observando cada movimento que dera desde que entrara no salão de festas. Ninguém se incomodava com o fato de ela não pertencer ao lugar onde estava. Preocupavam-se com o fato de nunca encontrar uma poltrona que a mantivesse sentada por mais de cinco minutos.

Ela nunca esteve à vontade cercada com aquelas paredes, e tudo que mais queria era botar o lugar no chão. Se possível, enterrá-lo. Queria destruí-lo, quebrar cada vidraça colorida e rasgar cada cortina empoeirada até não sobrar nada inteiro. O mundo que estava ali, rodeando-a com todos os inconvenientes e sufocando-a até não poder mais respirar, precisava sumir de uma vez. Quisera ela poder fechar os olhos e não encontrá-lo quando abrisse. Mas queria ver o que estava por dentro das paredes manchadas e por de baixo dos tapetes corroídos. O mundo ainda mantinha a porta aberta quando ela decidiu que estava de partida.

Mas antes, para que não se arrependesse, decidiu que encontraria todos os pontos apodrecidos daquele mundo. Decidiu que deixaria suas partes corrompidas ali, e tentaria reconstruir aquilo bem longe. Contudo, se desfazer de todos os estragos do seu íntimo levaria muito tempo. Deixou a festa, mas levou as lembranças.

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