Preparou seu discurso, escolheu suas palavras; tentou bravamente ser maldoso e dizer tudo tão rápido quanto ela lhe dissera seu adeus, mas sabia que falharia assim que pusesse seus olhos sobre os olhos dela. Sobre ela. Na verdade, sabia que quando ela estivesse sobre ele não haveria palavras a serem ditas. Sua sintonia nunca fora expressa em texto. Sintaxe. Mas sentidos.
Quando a viu, pegou seu braços e seus beijos, a pôs no colo e partiu. Sem levar novas camisas - e deixando a muda de roupa pelo chão - ambos foram longe, demorados. A mistura dos cheiros, a cumplicidade nos olhos. Sem cartas ou palavras, apenas retratos de lembranças.
Retratos guardados em prateleiras invisíveis.
E de mentira.
Porque ele nunca teve coragem de pedir explicações sobre aquela carta.
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