segunda-feira, março 11

Lápis-borracha

Eu não vou escrever isso aqui à caneta, não. Eu tenho medo de falar bobagem e não poder retirar o que eu disse; a caneta não me deixa fingir que eu não tenho culpa. A folha absorve a tinta; eu posso riscar por cima, mas a folha já absorveu a tinta -  é tarde demais.

Eu vou te escrever à lápis. Porque pra lápis há borracha. O lápis arranha a folha, mas é apagável; ele não me obriga a ser polida e certa. O lápis arranha a folha, mas arranhão cicatriza e sara. Lápis tem remédio.

Lápis é dizer sem querer - ainda que querendo muito. É dizer que ama e sorrir como quem está só brincando. Caneta é olhar nos olhos e dizer verdades. E quando a gente diz verdades, não tem remédio.


Lápis tem remédio.


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