segunda-feira, fevereiro 13

Das vidraças, dos castelos e de tudo mais

Quando as vidraças recuperaram o aspecto límpido que costumavam ter há alguns anos eu entendi que alguns pedaços da paisagem simplesmente fugiam de vista. Foi quando não havia impurezas que eu percebi que nem tudo podia ser observado e entendido do lugar onde eu estava; eu entendi que seria preciso abrir as portas do meu castelo e deixar os sonhos de princesa para trás, assim eu não corria perigo de ser enganada diante da realidade.

Eu entendi que não bastava limpar minhas janelas, nem apenas abrir mais os olhos.

Percepção é mais do que se enxerga; é meio que uma mistura de tudo que acompanhou você na sua vida inteira somada aos eventos que lhe trouxeram às margens das revelações e acontecimentos que julgamos entender com clareza. Mas eu entendo que a minha percepção é deturpada em mais aspectos do que eu posso imaginar, e que as minhas vidraças não podem ser confiáveis quando se fala dos refúgios mais sombrios.

Eu aprendi que é necessário esquecer das vidraças, dos castelos e das princesas.

Eu não apenas abri as portas do meu refúgio como também o estou deixando. Permito-me entender o mundo que escapa de mim vestindo-me com uma coragem que ainda não tenho, mas que finjo conhecer tão bem quanto as paredes da minha fortaleza conheciam meus medos.


Agora eu percebo que não se pode ser feliz trancado dentro de si.

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