terça-feira, setembro 20

Das verdades

Eles ainda preferem as histórias felizes, com lágrimas de sucesso e marcas de vitória. Eles ainda preferem os gritos de prazer aos murmúrios de lamentações, porque são humanos e fracos como sempre serão. São humanos, e amam, e sofrem e querem ser felizes [quem sabe]. Eles sempre preferem os contos de fadas, ainda que nada daquilo uma dia lhes vá acontecer.

Eu contei algumas verdades e nenhum deles me deu bola. Eu contei que felicidade existe em momentos, não na vida inteira, e eles taparam os ouvidos. E contei que amores quando passam levam consigo nossos melhores pedaços, mas não encontrei viva alma que admitisse ter um pedaço seu faltando. Eu mostrei meu coração ferido para provar que era verdade, e todos desviaram os olhos.

Eles ainda acreditam nas bonecas de porcelana que não se quebram e nas bailarinas das caixinhas de música que dançam a vida inteira. E eles acham que eu sou uma descrente. Me julgam perdida, sozinha em mim mesma. Que pena. Eles que ainda acreditam nas princesas e não acreditam em mim; acreditam nos reinos distantes e adoráveis.


Mas eu sei que os príncipes já morreram. E as princesas fugiram com os criados. Só que eles preferem dormir o sono dos loucos e enxergar passarinhos cantantes nos bosques queimados.


Que pena. Eles ainda preferem mentiras.

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