sábado, fevereiro 26

Abrigo

O quarto acomoda tudo que está nele: móveis, objetos, uma pessoa e seus universos paralelos. Às vezes duas pessoas, como era o normal há alguns anos atrás, mas três ou quatro apenas extraordinariamente. Essas terceira e quarta pessoas devem ser convidadas, no entanto, se não, não são bem-vindas. Sabe como é, há coisas valiosas naquele espaço. Coisas valiosas como privacidade, descanso, segurança e um porta-máscaras. Ninguém precisa usar disfarces no quarto, porque ninguém que não estiver autorizado verá a verdadeira face.

A verdadeira face. Nem todo mundo pode aguentar a essência dela e por isso nem todo mundo pode entrar no quarto. A primeira regra é não invadir. Porque quem invade, fere. E quem fere, não é querido. A segunda regra é não se ofender, porque quem se ofende não entende, e quem não entende invade, e aí fere, e aí não é querido. A terceira regra é não pedir para ser convidado, porque aí se ofende e não entende, e então invade e etc... O quarto é um abrigo. E é habitado por anos de promessas.

Você entra se for permitido. Não peça para ser convidado. E não invada: os estranhos não são esperados. Se entrarem, devem sair. E se quiserem voltar... esqueça, eles não podem.

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