quinta-feira, abril 9

Velho amigo

Numa manhã fria de inverno um homem de cabelos brancos e com as costas curvadas caminhava pela calçada. Era muito cedo, não havia mais ninguém na rua; domingo era tradicionalmente o dia mais preguiçoso da semana. O homem de cabelos brancos admirou por um momento a vida inteira que lhe era mostrada, como um gigantesco filme onde ele era o protagosnista.

O rigoroso frio não permitiu que ele ficasse na rua por muito tempo. Naquela altura da vida a saúde já não era a mesma de quando era moço, por isso deu meia volta e entrou no galpão para acender o fogão a lenha e aquecer a água e a si próprio.

Seu grande amigo já estava lá, tomou seu lugar em torno do fogão e continuou a acompanhar com os olhos cada movimento que o velho fazia, como se estivesse pronto para acudi-lo a qualquer momento. O velho adorava a companhia dele e sempre retribuía com seus olhos pequeninos e muito azuis o olhar fraternal que ele lhe dava, como se agradecesse a preocupação que ele lhe destinava.

O velho de costas curvadas sentou-se ao lado do amigo, com a palma da mão sobre a cabeça dele como uma mistura de carinho e gratidão. Recostou-se na cadeira e sentiu-se bem. O cão, seu grande amigo, entendeu o gesto e ficou sob a mão do seu dono até que sentiu seu toque esfriar.

A chaleira chiava, o cão uivava e o velho dormia.

0 pessoa(s) disse(ram) que: