quarta-feira, março 30

Morto-vivo-vivo

É quase como cair. Como sentir que aquele machucado nunca vai cicatrizar e ter plena certeza de que não há band-aid suficiente no mundo para tantos arranhões e feridas reabertas. É quase como cair todo santo dia; como receber uma bofetada de uma vida filha da puta.

Tantos hematomas me fizeram sensível. Mas sensível por dentro, sabe? Muito te enganas se pensas que eu me mostro abatida assim, pra qualquer um. Precisa ter visto o meu tombo, me emprestado um esparadrapo ou até mesmo ter cuidado de mim; ter me ajudado a levantar. Precisa conhecer esse meu coração tosco por dentro e saber que cair não me impede de seguir com o meu plano.

Eu caio e levanto porque tenho certeza de que vou cair de novo e também levantar de novo. Eu sei que as feridas vão abrir de tempos em tempos, porque não há pontos que segurem os rasgos que me fizeram. Assim, eu caio todo maldito dia e supero o medo porque sei que ele me ensinou a ser mulher - e das boas. Eu supero.

Eu supero e sigo com o meu plano.

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