Ele segurava minhas mãos e olhava fixamente os meus olhos com uma ansiedade louca. Eu podia sentir suas mãos suando, tremendo. Um sorriso torto e nervoso se insinuava pelo canto da boca dele e eu não conseguia afastar os meus pensamentos desconfiados. Ele sabia disso porque olhava tão firmemente nos meus olhos que era capaz de saber o que passava na minha mente; por isso, ele torcia pra que eu ouvisse o coração. Pelo menos o dele, que batia tão rápido e forte que parecia pular pela boca a qualquer momento. Ele então me prendeu as mãos e sua expressão foi mudando lentamente: acho que se deu conta de que eu começava a ficar com medo daqueles olhos nervosos pelos quais me cuidava. Postou-se sério e atento quando então me fizeram a pergunta:
- Mary Liss Theodor, você aceita este homem como seu legítimo esposo, para amá-lo e respeitá-lo na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe?
Naquele exato momento, quando ele prendeu a respiração e o padre fez cara de espanto com minha demora, eu soube que eu nunca conseguira fazer as melhores escolhas pra minha vida; entretanto, dizer sim não faria dessa a primeira vez que eu acertaria.
Ele, por um momento, apertou minhas mãos como se tentasse me trazer de volta para a realidade e mudar minha resposta. Mas em seguida afrouxou o aperto até que fosse um simples toque, porque percebeu que não seria suficiente para por juízo na minha cabeça. Eu não nascera para casar, era o que eu sempre dizia pra ele quando éramos namorados; mas acho que ele nunca me levou a sério.
Podíamos ter sido felizes como amantes pro resto da vida. Mas as pessoas gostam de complicar as coisas com esse tal de casamento. Não comigo.
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Esse post é um oferecimento do
Blogsintonizados, que promove o Postagem Temática idealizado pelo
Rafael Glória. O tema dessa edição foi CASAMENTO. Minha sugestão pro próximo é
Janela.