A casa, enorme e elegante, totalmente desprovida de calor humano, abrigava somente uma alma perdida e fria; sem vida, talvez. As fotos penduradas eram o único vestígio de que as coisas haviam sido diferentes em outros tempos. Do sofá confortável ela observava a vida que tivera: o brilho que um dia morou em seus olhos, o sorriso que lhe enfeitava a face levemente corada e os cabelos longos que brincavam pelas suas costas. Parecia ter acontecido em outro mundo.
A moça, ainda deitada no sofá, perdia-se nas fotos que jogavam-lhe na cara cada erro que cometera. De longe, via-se nada ao redor dela; um muro construído por suas próprias mãos a isolava e impedia a felicidade de bater na sua porta. Nada além de um corpo vazio movendo-se nos cômodos projetados para muitos convidados; tão cheios como ela.
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Esse post faz parte do Postagem Temática, criado pelo Rafael Glória. O tema dessa edição foi NADA.
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